Cataia, fandango e os truques da viola
Conheço o Akdov já de longa data, mas naquela época ainda não tinha o fandango. Então a gente ficava ali só pra jogar conversa fora e tomar uma cerveja gelada e uma cataia.
Quando o fandango pegou fogo e foi se tornando conhecido pela galera, eu já admirava o batido dos tamancos e o dedilhar das cordas da viola.
Sempre assisti aqui em Morretes as apresentações de seu Martinho e do grupo de fandango Profª Helmosa. Claro que não agüentei ficar muito tempo sem pelo menos segurar aquele instrumento singular feito de caxeta e com aquele som tão particular.
Mas não é tão fácil como parece não.
Mesmo eu, que já arranhava um violão, não foi fácil aprender a tocar ritmos como o Dondon, a Chamarrita, o Anú, Marinheiro e outros. Levei só levei dois anos para pegar o jeito da coisa.
Isso porque só depois de um tempo é que o seu Zé Squenine, chamado carinhosamente por mim de Tio Zé, me ensinou o truque.
Ele disse: “Olha, esse dedo você não pode tirar daqui nunca!”, se referindo a posição do ponto do acorde. Pronto! Estava decifrado o mistério.
Mesmo assim, se não fosse a boa vontade dele, do seu Pedro Miranda e do Seu Beso, ainda estaria me batendo muito, porque um pouco ainda me bato.
Mas meu sonho se realizou. Neste fim de ano ganhei de presente da minha esposa uma viola cavocada feito pelo mestre fandangueiro seu Leonildo e com ela toquei no carnaval algumas modas, acompanhando os fandangueiros de Superagüi.
Fiz até uma dupla com seu Pedro Miranda com a moda Pescador Artesanal. Pode não parecer, mas para mim foi e sempre será uma grande emoção tocar com eles.
Um detalhe: o esquema da afinação ainda não peguei. Mas eu chego lá.
Boa cataia a todos e como diz a moda: Já vou dar por despedida meu camarada irmão!
O relato foi enviado pelo internauta Marcos Malucelli, de Morretes - PR.